terça-feira, 9 de setembro de 2014

Entrevista com Rafael Matos


Provavelmente você já viu o jornalista Rafael Matos na programação diária da UnisulTV. Natural de Araranguá, o gerente de jornalismo da UnisulTV e professor do curso de Jornalismo da Unisul, bateu um papo com o blog sobre questões políticas atuais.

Temos a honra de iniciar nosso projeto acadêmico com a publicação da entrevista feita com o profissional. Boa leitura!


EP: Você é contra a divulgação de pesquisas de intenção de voto em épocas eleitorais. Quais os motivos que te levam a pensar assim?

RM: Eu sou contra a divulgação de pesquisas de intenção de voto em épocas eleitorais porque entendo que o número de pessoas entrevistadas é muito pequeno em relação ao eleitorado total. As pesquisas têm as suas metodologias, mas acho que falham em não reproduzir as diferenças que temos em todo o país. 80% dos votos de um estado pequeno não significam a mesma quantidade de votos de um estado mais populoso. Entendo que as pesquisas acabam influenciando o eleitor brasileiro, que em geral não gosta de votar em quem vai perder. O eleitor não acompanha a campanha e não vota ideologicamente.

EP: O que você pensa sobre as coligações criadas em épocas de eleição?

RM: Entendo que as coligações só deveriam ocorrer em segundo turno. Primeiro turno deveria ser para todos disputarem sozinhos e os apoios só seriam discutidos no segundo turno. A coligação, em geral, não tem cunho ideológico, e muitas vezes é um grande balcão de negócios para somar tempo na propaganda eleitoral.

EP:  Fala-se muito em reforma política atualmente. Em sua opinião, quais seriam os elementos que a reforma política deveria ter?

RM: - Fim das coligações em primeiro turno ou verticalização (coligação válida em nível nacional deve ser seguida nos estados e municípios).
- Cláusula de barreira para os partidos políticos (partido que não somar uma determinada porcentagem dos votos deve ser extinto ou fundir-se com outro)
- Todo partido deve ter candidato (ou qual seria o propósito dele existir)
- Implantação do voto distrital
- Unificação das eleições
- Revisão das reeleições e tempo de mandatos
- Extinção dos cargos de vices
- Fim do horário político gratuito no rádio e televisão
- Fim das doações de CNPJ para as campanhas e limitação de um salário mínimo por CPF
- Voto facultativo
- Fortalecimento dos partidos, em detrimento dos políticos

EP: Por que, hoje em dia, os partidos políticos perderam suas ideologias?

RM: Não posso afirmar que os partidos perderam as ideologias, porque não conheço o programa partidário dos partidos, mas talvez a questão seja por que temos 32 partidos políticos e mais de uma dezena na fila esperando para ser oficializado? O que cada um deles representa? São 32 interesses diferentes? Entendo que a classe política conseguiu banalizar todo o processo, gerando um desinteresse total da população pela política. Eu gosto de política, mas não quero ser político (com partido). Em geral, eles (os partidos) não me representam. O que mais escuto é que o eleitor vota na pessoa e não no partido. Entendo que isso deveria ser o contrário. O futebol é levado mais a sério que a política. Não vemos um torcedor trocando o Vasco pelo Flamengo, o Inter pelo Grêmio, mas na política, troca-se de partido a toda hora e conveniência.

EP: A polarização entre PSDB e PT na esfera federal é realmente ruim para o Brasil?

RM:  Esta polarização existia em nível nacional (acho que está acabando), pois nos Estados a situação é diferente e peculiar. Mas isso é um reflexo do enfraquecimento dos partidos e do sistema político atual. Por exemplo, o PMDB, é um dos grandes partidos nacionais, mas não tem um candidato a presidente desde 1994, mas tem sempre uma das maiores bancadas no Congresso Nacional e sempre um bom número de governadores. Então, será que o PMDB também não é um dos pólos?

EP: Em Santa Catarina, o que você pensa sobre a função das SDR’s?

RM: Surgiu a partir de um modelo europeu e idealizado em SC pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira. O atual governador Raimundo Colombo não manteve a mesma força delas. Hoje os prefeitos precisam ir à capital para falar com o governador, tratar de projetos e etc. O local para tudo isso deveria ser a SDR. O governador deveria visitar as regiões para receber os prefeitos.

#GuilhermeGuimarães #IanSoprana #MatheusAguiar

Um comentário:

  1. Escrever sobre politica ultimamente é difícil. Sobre politicagem é fácil. Este Blog tem um desafio interessante. Boa sorte

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