Provavelmente você já viu o jornalista Rafael Matos na
programação diária da UnisulTV. Natural de Araranguá, o gerente de jornalismo
da UnisulTV e professor do curso de Jornalismo da Unisul, bateu um papo com o
blog sobre questões políticas atuais.
Temos a honra de
iniciar nosso projeto acadêmico com a publicação da entrevista feita com o
profissional. Boa leitura!
EP: Você é contra a divulgação de pesquisas de intenção de
voto em épocas eleitorais. Quais os motivos que te levam a pensar assim?
RM: Eu sou contra a divulgação de pesquisas de intenção
de voto em épocas eleitorais porque entendo que o número de pessoas entrevistadas
é muito pequeno em relação ao eleitorado total. As pesquisas têm as suas
metodologias, mas acho que falham em não reproduzir as diferenças que temos em
todo o país. 80% dos votos de um estado pequeno não significam a mesma
quantidade de votos de um estado mais populoso. Entendo que as pesquisas acabam
influenciando o eleitor brasileiro, que em geral não gosta de votar em quem vai
perder. O eleitor não acompanha a campanha e não vota ideologicamente.
EP: O que você pensa sobre as coligações criadas em épocas
de eleição?
RM: Entendo que as coligações só deveriam ocorrer em
segundo turno. Primeiro turno deveria ser para todos disputarem sozinhos e os
apoios só seriam discutidos no segundo turno. A coligação, em geral, não tem
cunho ideológico, e muitas vezes é um grande balcão de negócios para somar
tempo na propaganda eleitoral.
EP: Fala-se muito em
reforma política atualmente. Em sua opinião, quais seriam os elementos que a
reforma política deveria ter?
RM: - Fim das coligações em primeiro turno ou
verticalização (coligação válida em nível nacional deve ser seguida nos estados
e municípios).
- Cláusula de barreira para os partidos políticos (partido
que não somar uma determinada porcentagem dos votos deve ser extinto ou
fundir-se com outro)
- Todo partido deve ter candidato (ou qual seria o propósito
dele existir)
- Implantação do voto distrital
- Unificação das eleições
- Revisão das reeleições e tempo de mandatos
- Extinção dos cargos de vices
- Fim do horário político gratuito no rádio e televisão
- Fim das doações de CNPJ para as campanhas e limitação de
um salário mínimo por CPF
- Voto facultativo
- Fortalecimento dos partidos, em detrimento dos políticos
EP: Por que, hoje em dia, os partidos políticos perderam
suas ideologias?
RM: Não posso afirmar que os partidos perderam as
ideologias, porque não conheço o programa partidário dos partidos, mas talvez a
questão seja por que temos 32 partidos políticos e mais de uma dezena na fila
esperando para ser oficializado? O que cada um deles representa? São 32
interesses diferentes? Entendo que a classe política conseguiu banalizar todo o
processo, gerando um desinteresse total da população pela política. Eu gosto de
política, mas não quero ser político (com partido). Em geral, eles (os
partidos) não me representam. O que mais escuto é que o eleitor vota na pessoa
e não no partido. Entendo que isso deveria ser o contrário. O futebol é levado
mais a sério que a política. Não vemos um torcedor trocando o Vasco pelo
Flamengo, o Inter pelo Grêmio, mas na política, troca-se de partido a toda hora
e conveniência.
EP: A polarização entre PSDB e PT na esfera federal é
realmente ruim para o Brasil?
RM: Esta polarização existia em nível nacional (acho
que está acabando), pois nos Estados a situação é diferente e peculiar. Mas
isso é um reflexo do enfraquecimento dos partidos e do sistema político atual. Por
exemplo, o PMDB, é um dos grandes partidos nacionais, mas não tem um candidato
a presidente desde 1994, mas tem sempre uma das maiores bancadas no Congresso
Nacional e sempre um bom número de governadores. Então, será que o PMDB também
não é um dos pólos?
EP: Em Santa Catarina, o que você pensa sobre a função das
SDR’s?
RM: Surgiu a partir de um modelo europeu e idealizado em SC
pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira. O atual governador Raimundo
Colombo não manteve a mesma força delas. Hoje os prefeitos precisam ir à
capital para falar com o governador, tratar de projetos e etc. O local para
tudo isso deveria ser a SDR. O governador deveria visitar as regiões para
receber os prefeitos.
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